Fantoche do titeriteiro
Numa noite, meu irmão desce as escadas e encontra-me deitado no sofá da sala e me pergunta:
IRMÃO – O que estás a fazer aí no escuro?
EU – Para ser cinsero, não sei, simplesmente por vezes gosto de parar e pensar mesmo não tendo motivo para o fazer!
Os significados atribuídos tendem todos a sofrer diferenças de pessoa para pessoa conforme a cultura, o conhecimento dado enquanto criança e ás crenças nas quais as mesmas acreditam ser as mais verdadeiras.
Quando a única coisa que transmite cor é a natureza, quando todos os edifícios e obras erguidas pelo homem estiverem apenas cinzentas, e quando a importância perante este mundo criado por nós for se dizimando, por nós mesmos, é aí que iremos questionar as nossas rotinas e o caminho que fizemos ao longo da vida.
O que mais faço é esperar, espero aquilo que não me espera. Vivo rotulado pelo tempo e espero esse mesmo tempo.
Durante o dia olho mentalmente para trás, reflito no que poderia ter feito melhor, nas mudanças que faria ás minhas ações. Não consigo numerar a quantidade dos meus erros, não alvejava esta vida, mas não conheço aquela que gostaria de ter, por isso, eu deposito amor e esperança em mim, acreditando poder prosperar e ramificar esta minha vida com momentos e identidades que contribuam para alimentar este amor.
Todos os dias acordo sem vontade de acordar, saio de casa, quer seja por necessidade ou por um mero motivo quotidiano, e faço-o sem vontade de sair, encontro-me desatento a algo que desejava fervorosamente estar atento, não aprendo o que tenciono aprender.
Fantoche do titeriteiro